O nacional-porreirismo do socialismo em Portugal
Maio 18, 2009
Lopes da Mota "pressionou"; mas a "pressão" que fez, usando em "vão" os nomes de Alberto Costa e José Sócrates, terá sido "legítima". Cai o Carmo e a Trindade, quando a oposição pede que o representante português do Eurojust se demita, nem que seja por uma questão de transparência e de credibilidade do sistema; Lopes da Mota reconheceu que utilizou indevidamente o nome do Ministro da Justiça; mas não tem mal, porque a pressão que exerceu é legítima.
Ora bem, legítima.
Em Portugal, a avaliação moral do comportamento dos agentes políticos - e o representante português no Eurojust é nomeado politicamente - tem dois pesos e duas medidas; no eixo político-partidário, à direita, não basta ser-se, tem ainda que parecer-se; à esquerda, os agentes políticos não precisam de ser, e muito menos parecer. É que a esquerda tem o monopólio da ética política; só faltava, agora, que alguém pusesse isso em causa, mesmo quando as aparências - e os factos assumidos pelo próprio Lopes da Mota - apontam todas em sentido diferente.
A esquerda é "ética" por definição e estatuto, pode dar-se ao luxo de ter comportamentos que contrariam a lisura política; os actos dos seus agentes, desde que subordinados ao grande interesse socialista, são sempre legítimos.