Os dias de eleições são propícios para os partidos demonstrarem todas as suas capacidades de piruetas, evidenciando as coisas positivas dos resultados, esquecendo as negativas. Este facto em si não condenável, pois faz parte da actividade politica. O que é criticável é tentar fazer leituras desonestas dos resultados eleitorais. A actividade política não é um concurso de matemática, e por isso, a análise dos resultados deverá reflectir em primeiro lugar os números, e depois o contexto eleitoral e todas as vicissitudes que podem afectar essa observação.
O PS partia para estas eleições com grandes esperanças, dada a enorme vantagem que vinha a apresentar em todas as sondagens. Felizmente, a escolha de Vital Moreira, o mais inapto candidato que há memória numas eleições nacionais, aliada ao facto da propaganda socrática estar a perder “believers” e ainda à excelente prestação de Paulo Rangel, o PS está em grandes dificuldades nestas eleições. Neste momento uma vitória por curta margem parece ser o máximo que o PS pode almejar. Será uma vitória, mas um péssimo indício para o ciclo eleitoral que se avizinha. Em 2004 o PS teve 44% dos votos e elegeu 12 deputados. Irá perder deputados, faltando saber quantos. Se perder, como espero, então haverá um terramoto político para os lados do Largo do Rato.
O PSD se conseguir ter mais que um voto que o PS terá uma grande vitória eleitoral. Porque o contexto é complicado, as sondagens ainda há um mês davam uma enorme vantagem ao PS, e também devido a imensos erros cometidos pelo PSD nos últimos anos, este não era ainda um partido confiável aos olhos dos portugueses. Felizmente o PSD está hoje em melhores condições, e pode vencer as eleições europeias. Uma derrota com um resultado perto do PS também não poderá ser considerada um mau desempenho, abrindo esperanças para as eleições do Outono. O PSD em 2004 elegeu 7 deputados, sendo que agora poderá obter 8 ou 9 mandatos. Se acrescentarmos que Portugal perdeu dois deputados em relação às eleições anteriores, esse já será um bom resultado. Mas um bom resultado não é sinónimo de vitória. Que fique claro…
Mas não tenhamos dúvidas: se os portugueses o desejarem neste domingo, o PS de Sócrates pode começar a preparar a retirada. Como disse ontem Paulo Rangel no Porto, “basta de socialismo na sociedade portuguesa”. É tempo de ter esperança no futuro, longe deste socialismo bolorento que tem consumido Portugal nos últimos anos… E votar no PSD é contribuir para afastar esta geração que tão mal tem feito ao país.