Se começarmos pela liberdade nunca ficamos mal servidos
Maio 15, 2009
Já houvera casting de crianças, o inevitável Santos Silva já dera mostras da sua boçalidade, o nosso PM já revelara a ampla falta de educação nos debates na AR, o ministro das finanças que era demasiado inteligente para 'comprar' o TGV e a Ota já havia sido substituido. No entanto, o que estava para vir - o Magalhães e o patrocínio e sustento estatal de uma empresa informática, os processos a indivíduos que difamam o grande líder e que por acaso e só por acaso até são jornalistas, as intervenções estatais nas empresas de forma a garantir respeitinho, o video-propaganda do Magalhães que era para o ministério da Educação mas afinal foi parar ao PS, as "campanhas negras" e um extensíssimo etc. - residia apenas nos pesadelos dos mais pessimistas.
E, contudo, se recordarmos o memorável discurso de Paulo Rangel nas cerimónias de comemoração do 25 de Abril em 2007, percebemos como na realidade já o tal pesadelo dos pessimistas tinha sido previsto e havia quem - Paulo Rangel - o começasse a combater.
Este discurso é um óptimo motivo para votar no PSD nas eleições europeias. Aqui fica uma peça de degustação (bolds meus), para depois lerem o restante:
«Falamos também – e com farta preocupação – da liberdade de expressão individual e da sua evidente castração. Também o cidadão comum, trabalhador ou empresário, desempregado ou quadro médio, estudante ou funcionário público
sofre e padece o efeito de tenaz da crise económica, por um lado, e da dependência estatal, pelo outro. A conjugação de uma grave situação económica com um discurso oficial de pensamento único, de auto-elogio maniqueísta e de optimismo compulsivo produz uma atmosfera propícia ao medo e ao receio do exercício da liberdade crítica e da assunção pública da divergência. Não, não são só os media; é também a sociedade portuguesa que está condicionada.
Nunca como hoje, em décadas de democracia, se sentiu este ambiente de condicionamento da liberdade. Do ponto de vista dos valores processuais da liberdade de opinião e da liberdade de expressão, vivemos, aqui e agora – ai de nós! – num tempo de verdadeira “claustrofobia constitucional”, de verdadeira “claustrofobia democrática”. »